Mário de Andrede dedicou quase vinte anos à escrita, edição e reescrita desse magnífico conto, que só foi publicado em 1947, dois anos após sua morte.
Por diversas vezes, Mário expressou receio quanto à publicação de “Frederico Paciência”. Em 1942, por exemplo, em carta a Fernando Sabino, comentou:
“Não me animo a lhe mandar o conto que durou vinte anos quase se fazendo. Não desejo que ele seja lido em separado por causa da delicadeza do assunto.”
Publicar o conto separadamente, como fazemos agora, é, de alguma forma, lançar luz sobre a sexualidade de Mário de Andrade.
O conto narra uma história de amor homoafetiva entre dois adolescentes. Além disso, por mesclar ficção e memórias do autor, pode ser compreendido como uma espécie de autobiografia fictícia, o que sempre alimentou especulações sobre sua vida. O que seria ficção? O que seria realidade?
Ao longo de sua trajetória, Mário foi alvo de agressões e comentários relacionados à sua sexualidade em diversas ocasiões. Entre os episódios mais conhecidos está o da Revista de Antropofagia, dirigida por Oswald de Andrade. Nela, Mário foi atacado de diferentes formas, inclusive com insultos racistas, sendo chamado de “Boneca de Piche”, “Miss São Paulo”, “Miss Macunaíma”, “Dona Maria”, “a mais genuína representante da antropofagia feminina no Brasil”.
Além de uma obra literária esplêndida, “Frederico Paciência” constitui um elo entre Mário de Andrade e a sociedade em que viveu. O conto, reescrito e editado repetidamente pelo autor, não apenas revela seu receio diante da exposição de sua intimidade, como também nos instiga a refletir sobre os mecanismos de repressão e as estratégias de resistência literária que utilizou para se afirmar em uma conjuntura marcada por intensa homofobia. Ao tocar em temas delicados e frequentemente silenciados, o conto exemplifica como a literatura, ao transitar por territórios tão íntimos, pode iluminar aspectos da vida social e emocional que, de outro modo, talvez permanecessem obscurecidos.
O livro está disponível em nossa loja. Sua capa foi impressa com tipos móveis e bolhas de sabão, tornando cada exemplar único.
Capa impressa de modo artesanal com bolhas de sabão e tipos móveis (cada capa é única)
Edição limitada
Formato: 15,5cm x 11cm
48 páginas
Miolo em papel Polén Bold 90g/m²
ISBN: 978-65-981387-5-2
Primeira edição (2025)
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